domingo, 16 de maio de 2010

A ETERNIDADE DO INSETO

"MEU AUTO-CONHECIMENTO É TÃO PATETICAMENTE ESCASSO, QUE O COMPARA O CONHECIMENTO QUE TENHO DO MEU QUARTO.NADA SE COMPARA À OBSERVAÇÃO E AO CONHECIMENTO DO MUNDO INTERIOR"- FRANZ KAFKA.


Gostaria de começar não tratando de algo especificamente sociológico. Gostaria de dedicar minha primeira publicação à esse gênio, FRANZ KAFKA. Esse autor tcheco de origem judáica, foi profundo conhecedor da alma humana e de suas dores. Oprimido por uma sociedade que na sua época propagava uma campanha anti-semita, uma religião rígida e sem sentido, um pai repressor, uma família subjugada aos moldes do pós-êxodo israelita, com um patriarquismo bem aos moldes da legislação mosáica. Ao escrever sua obra "A METAMORFOSE", Kafka se converte em um inseto, faço aqui uma análise bem diferenciada das demais que tenho lido por aí.
A transformação, essa camuflagem, esse disfarce, nada mais seria que um subterfúgio para a não participação em um mundo que lhe apresenta tão grotesco. A hipersensibilidade de sua alma não comportava tudo o que "as ditas repesentações coletivas" lhe impunham. A sua inferioridade física frente a "corpulência" e ao poderio despótico de seu pai, não lhe deixou outra escolha: nada mais apropriado do que se metamorfosear em inseto, e assim viver de modo individual e ostracista, querendo ser visto apenas "pelos olhos da alma". Ao contrário de outras análises, Kafka opcionou por essa identidade, nasceu de seu interior, o fez deliberadamente, não foi construido exteriormente e socialmente(como alguns pensam).
Alan Parker, ao dirigir o filme "THE WALL", fantasticamente faz o mesmo com o personagem de Bob Geldof, vivendo as crises existenciais do revolucionário PINK, encarna de forma perfeita a alma Kafkaniana, ao preferir se encerrar em um sanatório psiquiátrico a ter que suportar as imbecilidades imperialistas que estavam à tona na sua época, o poderio materialista em detrimento aos valores humanistas, o poderio bélico como único enfrentamento das desigualdades entre os povos e tudo mais que até hoje assistimos. Invejo por vezes a coragem que Kafka confere ao seu personagem Greg Samsa, em se omitir das barbáries de um século em que o homem acredita numa superioridade racial e se aliena mentalmente no materialismo feitichizado, como válvula de escape de uma vida morta e insípida, vivida pelos homens até os dias de hoje.

                               DUALISMO BURKEANO Edmund Burke. Dublin, Irlanda. (1729-1797). Filósofo conservador/liberal. Discípulo d...