sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A DÁDIVA DO ÓCIO



Não tenho palavras. Não gosto de poupar palavras. Nunca gostei. Hoje estou tão cheia de sensações. A  sensação de sentir-te por perto. Aquela tão vertiginosa, mas tão convidativa. Tu… nunca me observa. Eeu te vejo.Vejo-te cá n’alma... horas, dias..meses…talvez séculos. Mas fisicamente, hoje ainda não te vejo. O fenomênico funde-se ao abstrato. Tu. Outra vez tu! Só podias ser tu. Também não queria que fosse mais ninguém.
Estivesses como estivesses.  Desejaria que ali estivesses. E eu fui a menina feliz, aquela a quem lhe foi dado o balão  maior. O amor maior. Aquele com mais cor. Com a cor-de-rosa e tudo. A minha cor preferida.
As minhas entranhas, os meus lábios, tudo o que me rodeava resumiu-se ao sabor da tua essência. A tua. Aquela que só eu vejo.
Amar-te não é segredo...
Tu és…És tanto….és a minha paixão tão assolapada quanto impossível!
És diferente. És o imprevisto mais meigo que conheci. És…. O tal que me desnudaria, o tal que me arrebataria o coração e me levaria para longe!
Onde fica esse longínquo  amor?  Está aonde nunca fui e tenho vontade de voltar? Porque volto sempre aos lugares que nunca fui..
Um efêmero eterno...Uma eterno efêmero... E nós já fomos tão longe! Longe?  Um desconhecido sítio favorito.. E o nosso longe é tão perto. E o nosso perto abismal! É tão intrigante. Tão meu e tão desconhecido. Há sempre um odor que salta das tuas veias humanas...Aquele que me persegue.
Ainda ontem eu dizia:” Um dia tu vens e ficas…” !Mas será que alguma vez foste real? Para mim?  Nunca.. Tão nunca que  te sinto em mim. Agora. Permanentemente. O cheiro, o toque, o teu olhar, a tua indiferença.
Saberás lá tu o que é marcar a indiferença. Sim tu o sabes.  Saberás lá tu que a tua indiferença vive em mim. Saberás lá tu que tenho sonhos diabólicos contigo. Sonhos a dormir! Daqueles em que acordo úmida, molhada, a suar, assustada, extasiada. Por vezes  confusão. s meus sonhos. Saberás lá tu dos sonhos acordada, dos sonhos que me “assombram”? Dos tormentos existenciais que me cercam?  Aprendi agora que a sapiência não supera certos órgãos. Muito menos o vital.
Saberás tu dos sonhos. Das utopias? Saberá alguém a cor das minhas doloridas sagas?
Saberás tu o quanto vale para mim?   Saberás?
 Não queres ouvir falar de amor, e eu muito menos quero falar-te dele. Porque o amor às vezes tem umas armadilhas estranhas.  Entranhas do Seol.   Entranhas espirais. Direcionadas ao abismo.  A minha queda é direcionada ao sepulcro...  estranha entranha embebida  com um absinto  estonteante. Chega a ser perturbante, mas isso pouco importa. É a ti que dedico esse Amor. Às vezes dói. Mas... É um facto. Também sei que isso pouco ou nada me valerá.  Não me preocupa resultados... fujo de todos...fujo da intencionalidade..
E se reparar que o êxtase que sinto supera todo o meu turbilhão de emoções? Valerá de muito? Ou não me valerá de nada?
Tu sabes que sou uma “menina” de emoções. E também sabes que o teu nome há muito que passou a fazer parte da lista delas. Da lista mais gritante… aliás. Como se fosse preciso dizer.
Gosto de ti. Gosto mesmo de ti. Gosto de ti enquanto escrevo. Gosto de ti deitada na cama onde nunca me possuíste!
  Karem Regina Costa

                               DUALISMO BURKEANO Edmund Burke. Dublin, Irlanda. (1729-1797). Filósofo conservador/liberal. Discípulo d...