"Os grandes só podem ser julgados pelo que são. Só os vulgares consentirão em atribuir sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência, serão 'escravos e prisioneiros' de suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que sua vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem." Hannah Arendt
sábado, 11 de janeiro de 2014
Norbert Elias e o processo ‘in’- civilizador
Após alguns tempos de turbulência, devido aos temas que antipatizaram meus leitores (desde já faço mea culpa) , este blog retoma o objetivo para o qual ele foi criado: analisar e sociologizar temas de interesse da minha pesquisa na pós graduação e mestrado. As discussões abordadas aqui poderão não agradar os leitores que refutam temas que dizem respeito aos que estão fora do Establishment, aqueles que foram postos na periferia da existência, quer por se comportarem deliberadamente como Outsiders, quer por participarem de um processo histórico (des) civilizador. Temas não agradáveis farão parte desse espaço, afinal, nada mais enoja do que relatar a exclusão, a pobreza, sexualidades desviantes, anomalias de caráter moral daqueles que hoje vivem no 'nem tão Admirável Mundo Novo.' As análises serão feitas baseando-me em caderno de campo escrito durante minhas visitas nas aldeias indígenas, 'digníssimos' Projetos Sociais, comunidades de assentamentos, favelas e toda espécie de 'proles' que não fazem parte do plano do Grande Irmão. Homenagem aos célebres colaboradores dessa pesquisa : Hannah Arendt e Norbert Elias.
'Se nos conscientizarmos plenamente da peculiaridade da situação em que o padrão de 'racionalidade'- para usar o termo mais corriqueiro- é relativamente elevado na reflexão sobre os eventos naturais e relativamente baixo na consideração dos fenômenos sociais humanos ao nos desvencilharmos da cômoda ideia de que essa diferença se fundamenta na natureza do material, na peculiaridade dos dois campos de estudo. É comum nos contentarmos em afirmar que é relativamente fácil investigar os fenômenos naturais com frieza e calma, com elevado grau de autodisciplina, porque, evidentemente, não há sentimentos humanos implicados. Com demasiada facilidade, esquecemos que só numa fase relativamente tardia de sua longa história é que os seres humanos ficaram em condição de pensar 'racionalmente' sobre os fenômenos naturais sem que seus sentimentos, seu terror e seus desejos fossem diretamente implicados em seus conceitos. " in Norbert Elias, Involvement and Detachment, Oxford, 1987 p.6-9 e 50-73
A frieza e o total desvínculo de sentimentos humanos fazem parte de uma análise desprovida de paixões e sentimentalismos que contaminam a pesquisa, por conseguinte, aproximada da realidade, piedade ou qualquer forma de misericórdia polarizam a pesquisa para os sujeitos que estão do lado mais fraco da corda bamba da existência. Humanos não carecem desses quesitos para serem analisados como indivíduos tal qual o faz o exército da salvação assistencialista do poder dominante. Pela fraqueza de espírito, produto de anos de dominação e alienação da realidade social e transformados em fantoches para a manutenção de uma estrutura fustigante que oprime, andam agora ao bel prazer de políticas paternalistas que, com a distribuição de migalhas de dignidade, conseguem perpetuar a tão poderosa casta brahmin no poder.
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