sábado, 27 de julho de 2013

Peso de amar



O amor tem um peso...há peso em amar...





 O peso do mundo
é o amor

(talvez a ausência dele)
 Sob o fardo da solidão
 sob o fardo da insatisfação
sob o fardo de uma satisfação que não satisfaz
do desejo que queima o corpo
da alma que busca livrar-se dos grilhões do tempo..
tempo que passa..arrasta..leva tudo a lugar algum..

 o peso...o cansaço
o peso que carregamos é o amor
esse laço que nos prende a alguém..
esse nó que nunca se desfaz..
essa corrente atrelada ao espírito
essa contínua luta com a Divindade por redenção..
esse espinho na carne colocado por Deus...
(sempre a mesma pergunta, sempre a mesma resposta:
a Minha graça te basta)...

 O peso do amor quem poderia negá-lo?
Em sonhos
nos toca o corpo,
em pensamentos
constrói um milagre,
na imaginação aflige-se
até tornar-se supra humano
sempre num mundo idílico..
não pode pertencer a essa dimensão..
talvez puro demais...talvez exageradamente profano..
não sei..há sentimentos que não foram feitos para essa vida
permanecem lacrados na alma...querem sair...não podem
não há lugar...presos irritam-se.. fustigam-me..
corroem-me ... fragmentam-me..
os pedaços ficam atirados na existência...

O peso do amor sai para fora do coração
ardendo de pureza, inflamado de carências impuras
pois o fardo da vida...
o fardo da vida é o amor,

mas nós carregamos o peso
cansados, não há braços para o repouso

 pois não há descanso sem amor..
 nenhum sono

 sem sonhos, sem esperança

não há descanso sem amor..
Esteja eu louca ou fria,
obcecada por anjos
ou atormentada por demônios
o último desejo é o amor
 não pode ser contido
quando negado o peso é demasiado

O árduo peso do amor deve ser sentido
sem nada querer de volta
assim como o pensamento
é dado na solidão
em toda a excelência do seu excesso.

Preciso descansar.. o peso pesa-me
Preciso imaginar-te...
Os corpos quentes
brilham juntos na escuridão,
a mão se move
para o centro da carne,
a pele treme na felicidade
e a alma sobe
feliz até o olho, depois de tudo..
do ardor que converte sentimentos 
em licores deliciosos...dos gritos abafados
que se tornaram linguagem indizível..
do satisfeito prazer insatisfeito...
o amor contínua pesando..
e continua a condenação a ser cumprida..
o amor pesa...




 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

TOQUES DO MEU AMOR

Ao meu Amado...
 
 
 
Nas sombrias noites solitárias, eis que Tua presença surge como raios celestiais, me tocando em lugares deliciosos...esquiva-se de mim toda a nostalgia que me traz a vontade de vê-lo (sempre de longe, às vezes somente pelas costas, e assim mesmo são os mais doces momentos que meus olhos podem presenciar nessa angustiante existência...como gostaria de  vê-lo, mesmo de longe... sempre das escadarias altas que me separam de ti, dos desertos abissais que  te levam de mim, pouco me importaria de galgar infernos para ter-te, enfrentaria todos os demônios por ti, defender-te ia se preciso fosse diante da minha Divindade para salvar-te, arruinaria minha medíocre existência para vê-lo feliz..  oh doce Amor!!) sinto-te de perto, toco a tua boca com um dedo, toco o contorno da tua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se, pela primeira vez, a tua boca entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para fazer tudo recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que minha  mão escolheu para desenhar,  uma boca eleita entre todas, com soberana liberdade, e que, por acaso, coincide com a sua boca, com seu sorriso. Sua insubstituível boca, seu insubstituível rosto, seu insubstituível ser...
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Uma grande razão

 
 
Para você, meu doce, eterno e insubstituível Amor!
 
 
Talvez eu seja um pouco de tudo que já li...Um pouco de tudo o que meu olhar já apreendeu do mundo...Um pouco das belas músicas...
Um pouco daqueles que me são queridos...Um pouco de múltiplos sentimentos e algumas fraquezas...Talvez eu seja um pouco do que tu deixas em mim...mas, em essência, o muito da minha essência é composto do tudo que és para mim...e é algo delicado...misterioso..
(de mim que sempre te amarei)
 
 
 
 

 
 
 
 

you are welcome to elsinore

 

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
... do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mão e as paredes de Elsinore

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar


(Mário Cesariny, in Uma Grande Razão)

sábado, 6 de julho de 2013

Umbrais do paraíso


Gosto dos sacrifícios feitos em nome do Amor que possuo...a dor...o prazer solitário...a solidão..
Me transformas sempre em alguém que gosta de gostar... gosto de gostar das coisas...das pessoas, dos lugares, dos momentos que penso em ti...gosto de cui
dar, de proteger, de acarinhar...gosto desse gostar...Esse Amor leva-me ao mundo do gostar..há algo lá que não há aqui...Você..posso sentir o seu cheiro, o toque de tuas mãos, tuas carícias me levando ao paraíso das volúpias...gosto de tudo...gosto do resto..ouço o som dos teus sussurros...na sinfonia da tua voz, descanso o meu espírito..teus olhos trazem o mar...gosto de ínfimo como se gigante fosse...gosto do nada pois tu és tudo para mim..teu brilho trouxe o sol...coisas pequenas tornaram-se grandes..o nada se perde no tudo que tu és...tens o sentido da vida e o sabor da existência..
A ti levanto meus altares..pouco abaixo tu ficas da minha Divindade..Ela se enfurece, tem ciúmes de ti..Mas Deus, não te aborreças, tu me deste esse Amor...fique em paz!
Gosto de mim, gosto de ti..gosto de gostar desse Amor...Tu tens a raridade dos seres celestiais..tens o calor dos anjos dentro de se...Tiras o peso do meu mundo e o carrega para si..leva contigo a minha dor...colocaste sobre mim o doce-amargo desse amor..à noite traz teus calorosos beijos..mas estou abandonada pela manhã..meu devaneio se foi com a última nuvem..sobre meus ombros pesa a cruz desse Amor..mas tu tens o poder de abrir o mundo com o brilho dos seus olhos, denuda-me a beleza..suas frases soam como poemas...sua imaginária presença me traz a paz...refugio-me sempre no seu peito para escapar do infortúnio existencial..desafia-me a morte, mas esse Amor me fez imortal...seus braços são como ondas do mar, cadentes e pingentes. Tu não se deixa apanhar, apenas cativar..tu estás nas cartas que guardei na gaveta, nos desejos que sufoquei..tu estás em todos os meus lugares...gosto de gostar de ti, e apesar de não conseguir prendê-lo, beijá-lo, protege-lo, continuo te amando bem de perto...bem aqui, dentro de mim. gosto de amar você...estás dentro de mim como se fosse o próprio movimento do seu corpo e na minha carne rasgada ... sinto o bálsamo desse amor a curar-me de todas as feridas...e no teu dorso nu escrevo o meu verso em pura solidão acontecido.. transformo-me nas coisas que tocaste..gosto de amar você..(oh metade de mim)..

 

                               DUALISMO BURKEANO Edmund Burke. Dublin, Irlanda. (1729-1797). Filósofo conservador/liberal. Discípulo d...