TÉDIO-(Charles Baudelaire)
Eu sou um cemitério estranho, sem conforto,
Onde vermes aos mil — remorsos doloridos,
Atacam de preferência os meus mortos queridos.
Eu sou um toucador, com rosas desbotadas,
Onde jazem no chão as modas desprezadas,
E onde, sós, tristemente, os quadros de Boucher
Fuem o doce olor d'um frasco de Gellé.
Nada pode igualar os dias tormentosos
Em que, sob a pressão de invernos rigorosos,
O Tédio, fruto infeliz da incuriosidade,
Alcança as proporções da Imortalidade.
— Desde hoje, não és mais, ó matéria vivente,
Do que granito envolto em terror inconsciente.
A emergir de um Saara movediço, brumoso!
Velha esfinge que dorme um sono misterioso,
Esquecida, ignorada, e cuja face fria
Só brilha quando o Sol dá a boa-noite ao dia!
"Vaidade de vaidade! diz o pregador, vaidade de vaidades! é tudo vaidade."Eclesiastes Cap.I Vers.1
Dia de tédio.Arrastei-me da cama como um verme que se refugia do sol.Minha alma pedia pra permanecer ali estática. Senti a recusa do meu espírito, envolto ao sono, a voltar para o meu corpo.Talvez quisesse perambular pelo étereo. Minha mente não queria pensar. O enfado cerebral, doía-me a cabeça..Fechei os olhos tentando não produzir nenhum só pensamento. Não consegui.Existência infâme, por que te apossas de mim? Miserável ser eu sou. Impotente diante do meu próprio 'eu'.Poderíamos ter dias nulos.Dias em brancos. Dias que não necessitassem ser vivenciados.Dias que não precisaríamos ter consciência da consciência. Oh, porque Tu criaste um ser tão limitado?? Por que me faz sentir tudo isso? Por que me subjugas a essa existência, da qual não pedi pra participar?? Quais foram os Teus critérios pra que eu estivesse aqui. O justo seria questionar-me antes não é? Mas Tu sempre faz aquilo que Lhe agrada.Sempre me debato Contigo. Sempre sei que vou perder. Sou uma ínfima parte do nada. Tu me fazes sentir assim. Presenteou-me com o tédio.Com a dor e repulsa pelo viver. Quisera eu poder livrar-me de Tua presença. Mas estás a espreitar-me por todos os lados. Sinto o quanto Tu me consideras tola. Só Tu sabes o quanto tudo isso me desagrada.A Eternidade, essa absurda....Não combina com a minha alma cansada.Como anseio o vácuo dos sepulcros.... Quisera desfazer-me das amarras que me ligam a esse dia. É tudo a mesma coisa."Nada há de novo debaixo do sol". Deus...Oh pobre Deus!!Como Tu suportas as eras que vão e vem.As coisas se repetem numa perenidade entojada. Talvez, Tu estejas condenado à eternidade. Não nos faça o mesmo... Meu Senhor,perdoe meus pecados, mas poupe-me da Eternidade. Amém.
"Os grandes só podem ser julgados pelo que são. Só os vulgares consentirão em atribuir sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência, serão 'escravos e prisioneiros' de suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que sua vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem." Hannah Arendt
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