domingo, 21 de outubro de 2012

 Os dias tempestuosos trouxeram um tempo ávido pelo fim, num desvario ele corre pelas ruas como uma onda a arrastar o mundo...sinto o SER-NADA sendo conduzido para o marasmo da eternidade...como efêmero Ser poderá suportar o tédio infinito...perambulo pelas ruas...sinto os horrores da horda citadina, escondo-me das depressivas vozes eufóricas...não encontrei alegria nos risos...não vi felicidade nos olhares dos amantes...é como se as máscaras do eterno baile não mais suportassem a maquiagem estando prestes a cair com o suor do enfado da vida...encontrei- me com a solidão em meio povoado de corpos, que como eu circulam num vazio existencial fadado a se deparar com o deus-NADA..num beco qualquer deparei-me com minha ausência...essa sombra sempre a me perseguir...esconde eternamente meu ‘eu’ de mim mesma...talvez por ciúmes...talvez por inveja...Sarcática ri-se de mim e convida-me para um cálice de vinho...muda, fita-me...não responde minhas perguntas, mas reafirma as minhas dúvidas...em meios aos goles puder lembrar momentos da juventude, e percebi o quanto esse sentir me é peculiar desde as mais remotas eras...antes de ir minha ausência mostra-me o quanto te amei antes mesmo de te conhecer...a única luz eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar...a tua voz dizia as palavras da vida....desvendando nuvens...era o teu rosto, era tua pele que resplandecia....antes de te conhecer, tu existias nas árvores da minha infância, nos montes e nas nuvens que eu olhava ao fim da tarde...muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade que reluzia meus dias...sentada ao meu lado, minha ausência decidiu permanecer...como se fizesse parte de mim...

                               DUALISMO BURKEANO Edmund Burke. Dublin, Irlanda. (1729-1797). Filósofo conservador/liberal. Discípulo d...